Elas são “O cara”

Mulheres criadas para ganhar o mundo e a dificuldade em equilibrar energia masculina e feminina



Somos a geração criada para ter independência, trabalhar fora, ganhar o mundo, ser dona de nossa própria vida. Isso é maravilhoso, mas como tudo na vida, há ganhos e perdas neste processo. Todas as nossas escolhas, inevitavelmente, implicam nisto.

Li um artigo muito interessante e tem um vídeo dele também, super recomendo que leiam ou assintam, foi a minha inspiração para este texto. “A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer”.

Desde muito pequena, ouço de minha mãe a seguinte frase: “Nunca dependa de um homem”. Quem aí já ouviu isto também?

Eu entendo perfeitamente o que a minha mãe quis e quer dizer com isto, no entanto, o meu subconsciente, lá atrás pode ter entendido diferente do meu entendimento “racional” de hoje. E é aí que está o problema. 

O que ela queria dizer, embora com um tom de mágoa e lamentação, era em resumo para que eu pudesse ser dona da minha vida e das minhas escolhas, que não fosse “obrigada” a viver uma vida infeliz por depender de alguém.

Levei muito a sério o que ela me ensinou e agradeço muito por isso. Muito da mulher que sou veio desta fortaleza que ela ajudou a criar dentro de mim.

A parte ruim deste processo é que fortalezas possuem muros, e é sobre eles que vamos falar.

Eu poderia citar alguns nomes aqui, mas obviamente, não vou expor minhas amigas, cúmplices, então, é com propriedade que vou falar do assunto. Sei que existem muitas mulheres que vão se identificar com minhas palavras.

Somos a geração da parceria e não da dependência, mas somos também uma geração de mulheres carregadas de energia masculina.

Queremos que os homens dividam conosco os papeis impostos às mulheres, como cuidar do lar, dos filhos, em troca dividimos o papel de prover. Parceria vai muito além da divisão de tarefas, é principalmente o equilíbrio entre estes papéis.

O mundo é feito de polaridades, dia e noite, luz e sombra, ativo e passivo… o mesmo acontece com as energias masculina e feminina, opostos que se complementam. Aqui não falo de gêneros sexuais, refiro-me a energia.

Vou ilustrar alguns exemplos para que possamos juntas fazer uma autoavaliação de como o desequilíbrio destas energias podem afetar nossos relacionamentos.

MASCULINO funcional: foco na autonomia, ação alinhada a um objetivo, foco no fazer menos no ser.

MASCULINO disfuncional: alienação, isolamento, separação ou despersonalização, emoções inibidas, dominação com controle e agressão, medo de relações, comportamentos destrutivos, resistência ou incapacidade de ver perspectivas de outras pessoas, energia criativa transformada em destrutiva.

FEMININO funcional: foco nas relações, força na comunhão, conexão, na interdependência natural dos indivíduos, cuidado, indiferença à individualidade, espontaneidade.

FEMININO disfuncional: perder-se na relação, medo de estar só, de tomar decisões, relações co-dependentes e fusão emocional, perda da individualidade, muita ansiedade perante o caos, morte da libido, apatia.

Em geral, a energia masculina se baseia na justiça e autonomia, enquanto a energia feminina se baseia nos relacionamentos, responsabilidade, cuidados.

O que eu sinto, em muitos momentos, é que deixamos de lado nossa feminilidade, e este meu sentimento se confirma quando vejo nas redes sociais tantos cursos ensinando as mulheres a serem mulheres. Se tem oferta é porque tem demanda.

Nessa busca pela independência, nos tornamos sozinhas, ENERGIA MASCULINA NAS ALTURAS. O medo de depender de alguém e “ficar na mão” faz com que não nos arrisquemos, e junto a isso, deixamos de “correr o risco” de ser feliz também.

Minha proposta é fazermos este exercício de equilibrar nossas energias, e por fim, chegarmos ao entendimento de que deixar alguém fazer parte de nossas vidas, dividir planos, não é dependência, é compartilhar. Pode não dar certo? Claro que sim, mas também pode dar muito certo, e aí?

Não precisamos ser “machonas” com eles, eles não são nossos rivais. Podemos ser vulneráveis, na verdade todos somos, e não há mal nenhum em deixar que as pessoas percebam nossas fragilidades, o que não podemos é exagerar, dramatizar, dar uma proporção às coisas maior do que realmente elas são.

A proposta aqui é relaxar, mostrar seus sentimentos, permitir-se, deixar o homem fazer papel de homem, apesar de você ser plenamente capaz de trocar uma lâmpada ou chamar “o marido de aluguel” que possa fazer isto.

E se eu mostrar minha fragilidade e a pessoa não me der valor? Muito simples, você tem a liberdade de se retirar quando quiser. É para isso que serve a tal independência que a minha mãe sempre falou.

Nós não vamos voltar a ser “As belas e recatadas do lar”, nós vamos continuar desempenhando múltiplos papeis, falando palavrão, tomando nossa cerveja, sendo donas do nosso corpo, das nossas vontades, mas continuaremos a ser o coração de um lar, seja como mãe, filha, mãe de pet, tia. Nosso instinto maior é o cuidar, o que não significa que também não queremos ser cuidadas. Esperamos do homem que ele seja nosso protetor, e este também é um dos instintos mais predominantes neles. Então, vamos buscar este equilíbrio.

A vida pode ser simples, ser simples nem sempre é fácil, mas é possível!


Renata Cunha

Personal e Professional Coach, membro da Sociedade Brasileira de Coaching

Renata Cunha, 39 anos, é membro da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCOACHING) desde 2016. É formada em administração de empresas pela Universidade de Taubaté – UNITAU – com pós-graduação em gestão de logística empresarial pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. 15 anos de experiência em gestão de pessoas. Possui uma carreira sólida na área financeira em multinacionais. O coaching entrou em sua vida quando, informalmente, conheceu o idealizador do Instituto Life Coaching e grande amigo Mario Meireles, que em pouco tempo, a mostrou o caminho para aquilo que viria a ser sua missão de vida. Ele a dizia: “você é coach, só não sabe disso ainda”. Sua missão: despertar nas pessoas o que de melhor possuem dentro de si, e ajudá-las a desabrochar, encontrando seus verdadeiros propósitos. Acredita que a vida é curta demais para ser pequena e que somos grandes demais para não doarmos o nosso melhor ao mundo.




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