Considerando o senso comum, somos uma sociedade que deprecia nossa nação. Nosso país não é bom o suficiente.
Temos nações incríveis e exemplares, e quando acompanhamos ações de sucesso, de forma automática, logo dizemos: “igualzinho ao Brasil”, obviamente em tom de ironia.
Somos um povo tomado pela vergonha, tendenciosos à comparação, e por isso desmotivados a agir. Comparamos nossas vidas a outras sociedades “mais evoluídas”. E com isso justificamos atitudes e muitas vezes a falta dela. Colocamos a culpa na corrupção, na política…
É justamente aí onde a escassez encontra terreno fértil. Na crise. E é onde se perpetua.
A escassez não se instala numa cultura da noite para o dia. O sentimento de falta e privação floresce em sociedades com tendência à vergonha e à humilhação e levamos este padrão de pensamento para o nosso dia a dia.
Você já teve aquela sensação de que por mais que se esforce seus resultados não são bons o suficiente?
Nunca temos tempo o suficiente.
Nunca temos grana o suficiente.
Nunca somos felizes o suficiente.
Nossa casa nunca é bonita e confortável o suficiente.
Nosso companheiro (a) nunca nos ama o suficiente.
Nosso trabalho nunca é bom o suficiente.
Não sou magra ou forte o suficiente?
A lista não teria fim…
Gosto sempre de propor uma paradinha no texto para reflexão: Qual seria a sua lista?
Vivemos esta cultura de escassez em pequenas ações diárias e sequer percebemos. Somente conseguiremos tirá-la de nossas vidas, quando passamos a fazer parte de uma massa crítica de pessoas que começam a fazer escolhas diferentes e remodelar os contextos menores a que pertencem. Sim, foi exatamente isto que eu disse, contextos menores a que pertencem.
Seriamos tolos e pretenciosos demais se pensássemos em mudar o mundo ou o nosso país, mas somos sábios quando resolvemos mudar nossas casas, os ambientes sobre os quais temos influência.
A escassez precisa de três fatores para se instalar: a vergonha, a comparação e a desmotivação.
Quando falamos sobre uma massa crítica fazer escolhas diferentes e remodelar o contexto, estamos nos referindo à superação destes três pontos fortalecedores da escassez.
E superar é: desenvolver relacionamentos, criar uma família, implantar uma cultura organizacional, promover uma comunidade que seja fundamentalmente oposta às normas sociais governadas pela escassez. Isto exige consciência, compromisso e muito, muito trabalho – todos os dias.
O oposto de viver a escassez, não é cultivar o excesso. Excesso e escassez são dois lados da mesma moeda. O oposto da escassez é o suficiente.
O excesso é outro ponto que nos tira dos eixos. Quando entendemos o que nos é suficiente, encontramos nosso ponto de equilíbrio. E quando digo o suficiente, não me refiro ao “básico”, mas sim ao suficiente para nos fazer felizes, enfrentar a incerteza, a exposição e os riscos emocionais sabendo que somos bons o suficiente.
Texto inspirado no livro: A coragem de ser imperfeito (Brené Brown)
Personal e Professional Coach, membro da Sociedade Brasileira de Coaching
Renata Cunha, 39 anos, é membro da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCOACHING) desde 2016. É formada em administração de empresas pela Universidade de Taubaté – UNITAU – com pós-graduação em gestão de logística empresarial pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. 15 anos de experiência em gestão de pessoas. Possui uma carreira sólida na área financeira em multinacionais. O coaching entrou em sua vida quando, informalmente, conheceu o idealizador do Instituto Life Coaching e grande amigo Mario Meireles, que em pouco tempo, a mostrou o caminho para aquilo que viria a ser sua missão de vida. Ele a dizia: “você é coach, só não sabe disso ainda”. Sua missão: despertar nas pessoas o que de melhor possuem dentro de si, e ajudá-las a desabrochar, encontrando seus verdadeiros propósitos. Acredita que a vida é curta demais para ser pequena e que somos grandes demais para não doarmos o nosso melhor ao mundo.
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